terça-feira, 1 de outubro de 2013

A LUTA INCANSÁVEL PELOS DIREITOS HUMANOS


A LUTA INCANSÁVEL PELOS DIREITOS HUMANOS

 


Quando penso em Direitos Humanos, na sua concepção original, nos seus atributos de universalidade, indivisibilidade e inalienabilidade, penso na luta incansável, penosa e dolorosa de três homens que lutaram em seus respectivos contextos históricos e épocas diferentes, mas que cada um possuía em comum o sonho de acreditar no mundo melhor para a humanidade, no qual as pessoas pudessem ser livres para exercer plenamente a sua cidadania. Estou me referindo a Mahatma Gandhi, a “grande alma” ( 1869-1948), Martin Luther King ( 1929-1968) e Nelson Mandela, este último nascido em 1918 e ainda vivo.
Esses três Homens lutaram pelos direitos humanos em lugares diferentes, cada um com seu jeito peculiar de ser, com suas armas próprias,  mas todos movidos pelo sonho de liberdade, de uma vida digna para todos os seres humanos, independentemente de cor, sexo, etnia, condição social, idade ou outro parâmetro discriminatório. Esses homens lutaram, expuseram suas vidas, correram riscos incalculáveis, sofreram e foram perseguidos, mas o ideal de vida que cada um carregava dentro de si era bem maior do que tudo isso. A morte até poderia vir, mas depois o mundo não seria mais aquele de humilhação, subjugação, opressão, discriminação, tortura , enfim, de violação sistemática de todos os direitos humanos. Esses homens, sem dúvida alguma, fizeram a diferença para a humanidade, e nossa geração tem o tributo mínimo de celebrar e reverenciar suas memórias.
Gandhi, “ grande alma”, conseguiu despertar o sentimento do nacionalismo no povo indiano, que lutava há muito tempo contra o domínio colonial da Inglaterra, liderando um movimento coletivo de não-cooperação, recusa ao pagamento de impostos, boicote aos produtos britânicos, fundado no princípio da não-violência. Assim, com sua elevada espiritualidade, consegui mobilizar o povo hindu, que conquistou a sua independência da coroa britânica, no dia 15 de agosto de 1947. Todavia, o nosso líder Mahatma Gandhi, um ano após a libertação da Índia do domínio inglês, um extremista hindu assassinou Gandhi. Morreu o homem, mas eternizou o ideal de paz para a humanidade. Gandhi deixou para os pôsteres, dentre outras pérolas, a seguinte oração:
“ A não-violência, em sua concepção dinâmica, significa sofrimento consciente. Não quer absolutamente dizer submissão humilde à vontade do malfeitor, mas um empenho, com todo o ânimo, contra o tirano.Assim um indivíduo, tendo como base esta lei, pode desafiar os poderes de um império injusto para salvar a própria honra, a própria religião, a própria alma e adiantar as premissas para a queda e a regeneração daquele mesmo império”.
Martin Luther King( 1929-1968) era um pastor que sonhava que sua pátria – os Estados Unidos da América – banisse toda forma de discriminação.  Os Estados Unidos possuíam uma legislação esdrúxula, segregacionista, que transformava os negros norte-americanos em cidadãos de 2ª categoria, apartando-os da população branca do país. No dia 01 de dezembro de 1955 uma costureira negra de 42 anos, chamada Rosa Parks se recusou a ceder seu lugar num ônibus, no Alabama, para que um homem branco se sentasse. A partir desse momento iniciou-se um grande movimento social defendendo os direitos civis dos negros nos EUA. No dia 28 de agosto de 1963, em Washington, diante de 250 mil pessoas, Martin Luther King fez o seu discurso histórico – eu tenho um sonho - que despertou o sentimento de dignidade dos negros americanos. Em 1964 Martin Luther King ganhou o prêmio Nobel da Paz. Eis um dos trechos do memorável discurso:
“ Estou contente em unir-me com vocês no dia que entrará para a história como a maior demonstração pela liberdade na história de nossa nação...eu digo a vocês hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã, eu ainda tenho um sonho....eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença. Nós celebramos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais...Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!...E quando isto acontecer, quando nós permitirmos o sino da liberdade soar, quando nós o deixarmos soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo Estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho spiritual negro: “ Livre afinal, livre afinal.  Agradeço a Deus todo-poderoso, nós somos livres afinal”
Nelson Mandela nasceu na África do Sul em 1918 e lutou dolorosamente contra o apartheid, um regime centrado no racismo, imposto por uma minoria branca, de origem holandesa, que oprimia e subjugava  a maioria negra da África do Sul. Milhares de negros africanos eram privados de sua liberdade, sem qualquer garantia ou direito, em face da “ lei do passe”, pela qual qualquer negro sul-africano poderia sofrer vigilância policial a qualquer momento. As tarefas subalternas e humilhantes eram destinadas apenas ao negros sul-africanos. Mandela, que tinha formação em Direito, foi influenciado pelo princípio da não-violência de Gandhi, e lutou incansavelmente pela libertação da  áfrica do sul , contra o aparthei,  sempre exercendo sua liderança. Liderou a liga jovem do Congresso Nacional da África do Sul, quando foi condenado a prisão perpétua no famoso julgamento de Rivônia, em 1952, oportunidade na qual declarou-se inocente das acusações, mas reconheceu que era culpado por lutar pelos direitos humanos e pela liberdade, culpado por combater leis injustas, culpado por lutar pelo seu próprio povo oprimido. Mandela, um negro de 1,87 metros de altura, que permaneceu preso por 27 anos, a maior parte do tempo na Ilha Robben, nunca deixou de exercer a sua liderança com inteligência e nunca deixou morrer seus ideais de liberdade e de um mundo melhor para o seu povo. Ainda na prisão, liderou o fim do apartheid, deixando o cárcere em 1990, para ser presidente eleito da República da África do sul, em 1994. É ainda uma lenda viva. Podemos apreciar a seguinte lição deixada por Mandela nessa dura caminhada:
“ Toda a minha vida foi dedicada à luta do povo africano. Lutei contra a dominação branca e contra a dominação negra. Escolhi o ideal de uma sociedade democrática e livre, na qual todas as pessoas possam viver juntas em harmonia, com oportunidades iguais. É um ideal pelo qual espero viver e atingir um dia. Mas, se for necessário, é um ideal pelo qual estou disposto a morrer”.
 MARCOS BANDEIRA
 

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